Os efeitos da distância na vida de imigrantes
domingo, abril 28, 2019
Nosso
povo se destaca por ser hospitaleiro. Quem dá um “Oh de Casa!” não chega em tapera quando bate as portas de nossa
querida e lendária Vacaria. Mas receber visitantes que vem de muda e em busca
de dias melhores exige ainda mais do que nossa hospitalidade.
Na
semana que se passou, vimos um dos imigrantes senegaleses dar fim a sua vida,
após entrar em estado depressivo. E ficou a pergunta: o que será que faltou?
A
acolhida
Vacaria,
pela ação de alguns de seus cidadãos, trouxe acolhida aos estrangeiros que vai
além do respeito e civilidade. Deu-se oportunidades aos irmãos de Terra para
que pudessem ser viventes com condições de garantir a subsistência.
Os
imigrantes senegaleses ganharam um curso de língua portuguesa, para que
pudessem se comunicar no seu trabalho como vendedores de itens populares.
Também tiveram seus pequenos comércios alocados na nova estrutura de
camelódromo.
Com
todo esse esforço, seria de se esperar que a situação favorável à vida digna
dessa plena felicidade. Mas nossos amigos, ainda assim, podem ficar um pouco
alcatruzados... e isso merece nosso cuidado.
As
tristes despedidas
Quando
alguém decide abrir carreiro e explorar novas terras, carrega consigo o desejo
de felicidade e prosperidade. Pode também querer reunir alguns patacões para
melhorar a vida de suas famílias, com quem pretende se reencontrar em momento
futuro.
A
vida em outras terras pode ser dura: Há todo um processo de adaptação e luta
para poder sobreviver onde a solidão é constante e não se sabe nem a língua. E
se algo for mais simples, com a ajuda que houve em Vacaria, ainda assim há
desafios a superar.
Houve
uma família que ficou, sonhos que mudaram e, um ser humano que precisa de
forças para lutar. Para qualquer pessoa quase se mude de sua terra, fica a
lição: isso precisa ser muito bem pensado, principalmente a ponto de evitar que
essa distância inviabilize ver a família e matar as saudades. Isso é tão
importante quanto ter como obter o sustento do rancho e a boia nossa de cada
dia.
Se
foi triste a despedida do caro amigo senegalês de seus parentes, outra triste
despedida se sucedeu. O mesmo foi encontrado, já sem vida, após incansável
busca. Qualquer pessoa de nossos pagos da lendária ficou pensando no que ocorrera,
no porquê desse fim.
E
a resposta está em frente, como a novilha que corre na cancha de laço.
Migrantes precisariam saber melhor que pôr o pé na estrada pode ser difícil.
Existe acompanhamento psicológico e ajuda a quem sentir que a vida pode perder
o sentido (fortemente divulgada na mídia), mas isso é difícil a eles. Nem todos
reconhecem o estágio de suas tristezas, e que isso está afetando suas vidas.
Talvez
fosse algo importante acompanhar como está a estima de nossos caros novos
cidadãos vacarianos. Que a notícia da morte sirva para dar atenção à vida, cuja
preciosidade é inestimável.
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