Projeto Fábrica de Gaiteiros
segunda-feira, dezembro 03, 2018
Os chineses 2.700 a.c. desenvolveram um instrumento onde o ar
fazia vibrar palhetas produzindo um som, aproveitando a acústica da boca. Foi
chamado Tcheng ou Cheng que viria ser a origem do
acordeão.
Em 1822 o austríaco Cyrillus Demian constrói o 1º acordeão
como conhecemos hoje. Era um acordeão diatônico.
No Brasil, o acordeão chegou ao Rio Grande do Sul pelas mãos
dos imigrantes alemães por volta de 1836 e pela chegada da imigração Italiana a
partir de 1875, primeiro trazendo instrumentos importados e logo em seguida
começando a fabricá-los.
O acordeão parece simplesmente 2 caixas retangulares com um
fole no meio. O que não se vê são as centenas de componentes que fazem com que
as palhetas vibrem saindo os mais diversos sons. Melodias e acordes regionais,
modernos, universais.
A madeira correta para a caixa de ressonância e castilhos, o
papelão para o fole, o aço para as dezenas de palhetas determinam a boa
qualidade do instrumento.
No Rio Grande do Sul ele se chama gaita e é um instrumento emblemático, principalmente no
tradicionalismo. Não existe festa de CTG sem a gaita.
A gaita matou a viola.
O fósforo matou o
isqueiro.
A bombacha o chiripá.
E a moda o uso
campeiro.
Esta quadrinha anônima recolhida pelo folclorista Paixão
Cortes resume a entrada da gaita no cenário cultural do Rio Grande do Sul.
Segundo ele, posterior à metade do século XIX a então Província de São Pedro do
Rio Grande do Sul passou da música fandanguista para a música acordeonista ou
do ciclo da viola para o ciclo da gaita , ou seja, A gaita foi um divisor de águas na história da música gaúcha. Mas o
que poucos sabem é que o Estado já sediou mais de 20 fábricas e foi referência
mundial na fabricação de acordeões ou gaitas.
Estas fábricas foram responsáveis pela história do acordeão
no Brasil e, como vemos, quase todas estão desativadas ou passaram a fabricar
outros produtos.
Unir esta tradição proporcionando inclusão social, aumentando
a auto-estima e espírito de coletividade, ao mesmo tempo estimulando a
sensibilidade e conhecimento da cultura local é a finalidade do projeto, com
uma gaita social, que estimula crianças e jovens a se interessarem pelo
instrumento, oferecendo aos mesmos as devidas condições para o aprendizado e
para futura aquisição do instrumento, criando uma verdadeira Fábrica de Gaiteiros.
Acordeonista Renato Borghetti e os alunos do projeto Fábrica de Gaiteiros. Foto: Divulgação /Fábrica de Gaiteiros |
A intenção da Fábrica de
Gaiteiros é a fabricação de um acordeão 8 baixos não só para iniciação, mas
que possa também se transformar em um instrumento definitivo, pela qualidade
que se pretende imprimir. Outro aspecto importante do projeto está ligado ao
conceito socioambiental do instrumento, confeccionado com madeira certificada
de eucalipto, proveniente de plantios renováveis.
A Iniciativa
O acordeonista gaúcho Renato
Borghetti, em suas viagens e shows pelo interior do Brasil e Rio Grande do
Sul, recebe milhares de correspondências e pedidos verbais de fãs e
admiradores. Entre tantas demandas, passou a carregar consigo algumas que
considerou especiais: aquelas que solicitavam doação de gaitas ou auxílio para
aquisição do instrumento, demasiadamente caro para os padrões brasileiros. “Essas cartas e e-mails me fizeram perceber
o quanto era restrito o acesso da gaita-ponto aos interessados de baixa renda,
evidenciando, assim, a carência de um projeto que permitisse o estímulo e a
inclusão de jovens talentos na perpetuação da autêntica cultura gaúcha, através
da gaita de oito baixos,” comenta Renato.
Objetivo Geral
A Fábrica de Gaiteiros é um projeto voltado à sociedade que
forma alunos de acordeão diatônico, instrumento conhecido popularmente na
região sul do Brasil como gaita de oito baixos.
Confecção e Meio Ambiente
A confecção dos instrumentos é realizada com madeira
certificada de eucalipto, proveniente de plantios renováveis.
Formação Musical
O projeto atualmente acontece nos municípios gaúchos de
Guaíba, Barra do Ribeiro, Porto Alegre, Tapes, Butiá, São Gabriel e Bagé e
Lagoa Vermelha; e em Santa Catarina nas cidades de Lages e Blumenau, com a
participação de mais de 500 crianças e adolescentes entre 7 e 15 anos.
Atualmente as aulas acontecem nos seguintes locais:
- Porto Alegre: Sede Campestre do SESC - Av. Protásio Alves,
6220 - Bairro Petrópolis - Prof. Renatinho Müller / CPCA - Estr. João de
Oliveira Remião, 4444 - Parada 10 - Lomba do Pinheiro - Prof. Elmer Fagundes
- Guaíba: Col.
Estadual Augusto Meyer - Rua Pantaleão Telles, 431 - Bairro Ermo - Prof.
Cleunice "Fofa" Nobre
- Barra do Ribeiro:
Sede da Fábrica de Gaiteiros - Rua Júlio de Castilhos, 1120 - Centro - Prof.
Eduardo Vargas
- Butiá: Ginásio
Municipal Gastão Hoff -Rua José Feliciano Carrinho, 133 - Prof. Adriana de Los
Santos
- Tapes: Casa de
Cultura Ruy de Quadros - Rua João Ataliba Wolf, 559 - Centro - Prof. Claiton
Scouto
- São Gabriel: Centro
de Cultura Sobrado da Praça - Rua Duque de Caxias 600 - Centro - Prof. Eduardo
"Dudu" Garcia
- Bagé: Biblioteca
Pública Municipal - Rua Carlos Mangabeira - 3 piso - Centro - Prof. Augusto
Maradona
- Lagoa Vermelha: Casa
de Cultura Athos Branco - Rua Nivio Castelano, 650 - Centro - Prof. Diego
Granza
- Lages: Centro
Cultural Vidal Ramos - SESC - Rua Vidal Ramos Jr., 153 - Centro - Prof. André
Alano
- Blumenau: SESC
Centro - Rua Dr. Amadeu da Luz, 165/181 - Centro - Prof. Gustavo Almeida
Como apoiador e divulgador da cultura gaúcha gostaria de ver
esse projeto na minha cidade natal, Vacaria, terra do maior rodeio crioulo do mundo.
Para conhecer mais sobre o projeto Fábrica de Gaiteiros acessem:
http://fabricadegaiteiros.com.br/
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