Paixão Côrtes
segunda-feira, setembro 10, 2018
João Carlos D'Ávila Paixão Côrtes, mais conhecido como Paixão Côrtes nasceu Santana
do Livramento, Rio Grande do Sul no dia 12 de julho de 1927.
O
ex-aluno do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, Paixão Côrtes é era personagem
decisivo da cultura gaúcha e do movimento tradicionalista no Rio Grande do Sul,
do qual foi um dos formuladores, juntamente com Luiz Carlos Barbosa Lessa e
Glauco Saraiva. Juntos, partiram para a pesquisa de campo, viajando pelo
interior, para recuperar traços da cultura do Rio Grande.
Em
1948, organizou e fundou o CTG 35 e, em 1953, fundou o pioneiro Conjunto
Folclórico Tropeiros da Tradição. Em 1956, Inezita Barroso gravou as músicas
tradicionais gaúchas Chimarrita-balão, Balaio, Maçanico e Quero-Mana, Tirana do
Lenço, Rilo, Xote Sete Voltas, Xote Inglês, Xote Carreirinha, Vaneira Marcada,
recolhidas por Paixão Côrtes e Barbosa Lessa.
Foto: Eduardo Seidl / Correio do Povo |
Em
1949, Paixão Côrtes se formou em Agronomia pela Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRGS). Ele desenvolveu na Secretaria da Agricultura o trabalho de
extensão no interior do Estado. Segundo ele, o fato de ser folclorista e
"falar a mesma língua do homem do campo" facilitou a comunicação e a
implantação de novas tecnologias.
Ele
começou a trabalhar na Secretaria da Agricultura aos 17 anos como classificador
de lã. Em 40 anos de serviço, passou pelas Estações Experimentais de Pelotas,
Santana do Livramento e nos Campos de Cima da Serra e em Porto Alegre, também
como professor dos cursos de classificação de lã, ovinotecnista e, por fim,
chefe do Serviço de Ovinotecnia.
Paixão
Côrtes foi responsável pela abertura de mercado da ovinocultura no Rio Grande do
Sul. Foi ele quem trouxe da Europa novos métodos e tecnologias de tosquia,
desossa e gastronomia, além de incentivar o consumo de carne ovina.
Como
apresentador e produtor de programas de rádio apresentou os programas Festa no
Galpão (1953), Grande Rodeio Coringa (1955) e Festança na Querência (1958). Compôs
as músicas Jacaré, Ratoeira e Xote carreirinho.
Em
1958, Paixão Côrtes apresentou-se no Olympia de Paris, no palco da Universidade
de Sorbonne, no Hotel de Ville, no Teatro Alhambra, além de clubes noturnos e
cabarés. Em 1962, Inezita Barroso gravou as composições Tatu e Pezinho,
recolhidas por Paixão Côrtes e Barbosa Lessa. No mesmo ano, recebeu o prêmio de
Melhor Realização Folclórica Nacional. Em 1964, apresentou-se na Alemanha, na
Feira Mundial de Transportes e Comunicação, na cidade de Munique. Recebeu
ainda, no mesmo ano, o prêmio de Melhor Cantor Masculino de Folclore do Brasil.
Em
1971, Paixão Côrtes participou do filme Um Certo Capitão Rodrigo, de Anselmo
Duarte, baseado na obra do escritor gaúcho Érico Veríssimo, no papel de Pedro
Terra.
Em
1986, apresentou-se durante um mês na Inglaterra, divulgando traduções de seus
livros para o inglês. Em 1992, a estátua do Laçador, do escultor Antônio
Caringi, para a qual Paixão Cortes posou em 1954, foi escolhida como símbolo da
cidade de Porto Alegre. Paixão Côrtes
venceu em 1997 o Prêmio Açorianos como destaque especial.
Paixão Côrtes serviu como modelo para Estátua do Laçador em 1954, que fica em Porto Alegre. |
Em
2001 proferiu palestra sobre a música gaúcha no VII Encontro Nacional de
Pesquisadores da MPB, realizado no Teatro da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ).
Em
2003 lançou seu novo manual, com mais danças, derivadas do primeiro. Por
exemplo, Valsa da mão trocada, Mazurca Marcada, Mazurca Galopeada, Sarna,
Grachaim. Em 2010 é escolhido patrono da 56ª Feira do Livro de Porto Alegre.
Recebeu também a Ordem do Mérito Cultural.
A Paixão pelo Sport Club Internacional
Paixão
Côrtes tem sua história de vida intimamente ligada ao Clube, pois seu pai foi
jogador do Sport Club Internacional nos primeiros anos de sua fundação e
posteriormente seus tios foram jogadores do Clube de futebol em destaque o
primeiro goleador do Internacional Belarmino Carlos Leal D'Ávila.
Em
2009 foi nomeado cônsul cultural do Internacional.
Morte
O
hospital informou que Paixão Côrtes entrou em óbito por volta das 16h05min em 27
de agosto de 2018, mas não informou a causa da morte. O folclorista de 91 anos
estava internado na U.T.I. do Hospital Ernesto Dornelles, recuperando-se de uma
cirurgia. Em julho de 2018, sofreu uma queda e fraturou o fêmur de uma das
pernas.
O
governador José Ivo Sartori declarou luto oficial de três dias no Rio Grande do
Sul e também ofereceu à família as dependências oficiais como forma de
demonstrar a importância do maior tradicionalista gaúcho e a admiração do povo
da região por ele.
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