De vez em quando
quarta-feira, setembro 20, 2017
Volta
e meia, quando em vez ou de vez em quando, quando em quando, às vezes, algumas
coisas na vida do gaúcho são pra lá de necessárias. Veja mais nessa poesia
buenacha de Clecius Paganella Pacheco, que fez parte do Concurso de Poesias
Gauchescas no 30º Rodeio Crioulo Internacional de Vacaria:
Imagem: Mauro Heinrich/Flickr |
“De
vez em quando eu preciso
Caminhar
numa coxilha,
Sentir
a força andarilha,
Que
trago dentro do peito.
Pra
conservar o meu jeito
E
refrescar a memória,
Pra
manter viva a história
Escrita
nessa querência
Cultuar
a reminiscência
Forjada
em sangue e glória.
De
vez em quando eu preciso
Respirar
o ar mais puro,
Pensar
menos no futuro
E
aprender com o passado.
Ouvir
o berro do gado
E
relembrar, com ardor,
Que
o Rio Grande peleador
Enaltecido
num hino,
Deve
mais ao boi brasino
Do
que ao pneu do trator.
De
vez em quando eu preciso
Prosear
com meu velho pai,
Vertente
que não se esvai,
Da
sabedoria campeira.
Junto
à cuia e à chaleira,
Ao
pé do fogo de chão,
Tomando
um bom chimarrão
Ouvir
que, esta terra guapa,
Se
fez presente no mapa
De
espora e laço na mão.
De
vez em quando eu preciso
Pedir
benção à mãe campeira,
A
buena e fiel companheira,
Dos
dias ruins e dos bons.
Apreciar
todos seus dons
Dos
tempos de paz e guerra,
Essa
figura que encerra
Dentro
do peito amoroso,
Cantigas
do boi barroso
E
a força viva da terra.
De
vez em quando eu preciso
Entreverar
com a gauchada,
Contar
causos, dar risada,
Reviver
os bons momentos.
Repartir
ensinamentos
Com
essa crioula irmandade,
Sabendo
que, na verdade,
O
que vai ficar de herança
É
o tento que forma a trança
Desse
laço de amizade.
De
vez em quando eu preciso
Fincar
o meu pé no chão,
Amassar
pasto com o garrão;
-
Gesto prenhe de beleza-
Pagando
à mãe natureza
Tributo
por ser tão bela.
E
desta forma singela
Compreender,
com abandono,
Que
a terra não tem dono,
Nós
pertencemos a ela.
De
vez em quando eu preciso
Disso
tudo e muito mais,
Reforçando
os ideais
Que
aprendi a respeitar.
Pela
vida inteira cultuar
Essa
tradição que não gasta,
Qual
um sovéu que se arrasta
Pra
aguentar o tirão da lida,
Porque,
de tudo nesta vida,
Ser
gaúcho é o que me basta. ”
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