Dicionário Gaúcho - Letra C
quarta-feira, maio 22, 2013
C
CABEÇALHO,
s. Peça comprida de madeira, ao lado da qual são atrelados os animais de
tração.
CABOCLO s. Descendente de índio. || É também, o nome de uma vespa.
CABORTEIRO s. adj. Cavalo ou outro animal manhoso, arisco, infiel, velhaqueador, que não se deixa pegar. || Indivíduo velhaco, esperto, manhoso, mau, mentiroso, trapaceiro, tratante, que vive de experiente.
CABOS-NEGROS, adj. Diz-se do cavalo de qualquer pêlo que tem negras as quatro patas.
CABRESTEAR, v. Andar o animal cavalar ou muar conduzido pelo cabresto, sem resistir.
CABRESTILHO, s. Cabresto pequeno. || Correias de couro ou de metal que seguram as esporas aos pés.
CABRESTO. S. Peça de couro que é apresilhada ao buçal ou bracelete para segurar o cavalo ou o muar.
CACHIMBO, s. Pedaço de pau com um fiel em uma das pontas, no qual se enfia o beiço do animal que se pretende sujeitar, e se vai torcendo até que o animal se entregue.
CACHO, s. A cola, o rabo do cavalo.
CACIMBA, s. Fonte de água potável. Vertente.
CACIFE, s. Bandejinha ou pequeno cofre em que se recolhe o barato no jogo de cartas ou no de víspora. || Por extensão, o barato.
CAIPORA s. Caapora, curupira. || Indivíduo azarado. || Azar, má sorte, caiporismo.
CAJETILHA, s. Sujeito presumido, pelintra, janota, almofadinha.
CALAVEIRA, s. e adj. Indivíduo velhaco, caloteiro, caborteiro, vagabundo, tonto, tratante.
CALIFÓRNIA, s. Carreira de que participam mais de dois parelheiros. Penca.
CALOMBO, s. Raça de gado bovino, outrora abundante no Rio Grande do Sul.
CAMBÃO, s. Pedaço de pau furado nas duas extremidades, utilizado para unir duas ou mais juntas de bois, umas às outras, de modo que possam puxar ao mesmo tempo.
CAMBARÁ, s. Árvore da família das Compostas, que tem propriedades medicinais.
CAMBULHA, s. Molho de chaves. Porção de coisas.
CAMELADA, s. Grupo de camelos; os camelos.
CAMELO, s. Nome que os republicanos, na Revolução Rio-Grandense de 1835, davam aos legalistas.
CAMORRA, s. Rixa, contenda, provocação, indireta, desafio.
CAMOTE, s. Namoro, paixão, predileção de uma pessoa por outra, o namorado.
CAMPEAR, v. Procurar pelo campo. Buscar. Esquadrinhar. || Usa-se também em sentido figurado.
CAMPEIREAR, v. Trabalhar com o gado, no campo.
CAMPEIRO s. e adj. Pessoa que executa com habilidade os serviços de campo, que monta bem, que vive e trabalha no campo, que entende de tudo o que se relaciona com a criação de gado.
CAMPO, s. Nome dado às extensas pastagens, apropriadas à criação de gado, existentes no Rio Grande do Sul.
CAMPO DE LEI, s. Campo de ótima qualidade.
CANA DE RÉDEA, s. Tira de guasca de cada uma das rédeas.
CANCHA, s. Lugar plano, com várias quadras de comprimento por algumas braças de largura, com duas trilhas, preparado especialmente para corridas de cavalos.
CANCHEIRO, adj. Diz-se do cavalo já habituado a correr nas canchas, treinado, adestrado para correr nas canchas. || Por extensão, aplica-se ao indivíduo que tem prática de determinado trabalho; que executa, com desembaraço e habilidade, determinadas tarefas.
CANDONGUEIRO, adj. Aplica-se ao animal manhoso que foge com a cabeça quando se quer por-lhe o freio, o buçal ou tousá-lo. Diz-se do indivíduo mesquinho, manhoso, arteiro, esquivo, inquieto, que questiona por coisas sem importância.
CANGA, s. Peça de madeira em que se colocam os bois para puxar a carreta.
CANGALHA, s. Peça de três paus, unidos em triângulo, que se coloca no pescoço dos porcos e de outros animais, para que não possam atravessar as cercas que protegem as áreas cultivadas.
CANHA, s. Cachaça, aguardente, canguara, cana.
CANHADA, s. Vale baixada entre coxilhas ou serras.
CANHONAÇO, s. Fato ou notícia de grande repercussão.
CANHOTO s. Peça de madeira ou de ferro que, nos engenhos de serrar madeira, adaptada ao mancal de uma polia, transmite o movimento desta.
CANJICA, s. Espécie de sopa de milho descascado e quebrado.
CANZIL, s. Cada um dos dois paus existentes em cada ponta da canga, entre os quais é colocado o pescoço do boi.
CAPA, s. Capadura, capação, castração.
CAPADO, s. Porco castrado. Carneiro ou bode castrado.
CAPÃO, s. e adj. Diz-se do animal capado. || Indivíduo fraco, covarde, vil, pusilânime.
CAPATAZ, s. Administrador de uma estância ou de uma charqueada ou ainda o responsável pela condução de uma tropa.
CAPIM, s. Nome comum às diversas espécies de gramas e ervas rasteiras.
CAPINCHO, s. O macho da capivara. Filhote de capivara.
CARACA, s. Rugas que aparecem na base dos chifres dos vacuns que vão envelhecendo.
CARAGUATÁ, s. Gravatá. Planta filamentosa muito comum em todo o Rio Grande do Sul.
CARAMINGUÁS, s. Arreios velhos, muito ordinários, quase sem préstimo. || Cacarecos, badulaques, coisas de pouco valor. || dinheiro miúdo e escasso.
CARAMURU s. e adj. Denominação que os republicanos de 1835 davam aos legalistas. O mesmo que camelo e galego.
CARA-VOLTA, s. Volta instantânea para trás, meia volta. Menção de voltar, de tornar para trás.
CARCHEADA, s. Pilhagem, carcheio.
CARCHEAR, v. Roubar, furtar, despojar, apoderar-se indevidamente de animais e coisas alheias, por ocasião das revoluções, pretextando necessidades militares.
CARCHEIO, s. Ato de carchear.
CARGUEIREAR, v. Trabalhar com animais cargueiros. Transportar carga em animais cargueiros.
CARGUEIRO s. Animal utilizado para conduzir cargas, em geral muar.
CARNEAR, v. Matar, esfolar e esquartejar a rês destinada a consumo imediato ou ao preparo do charque.
CARNIÇA, s. Rês morta, em estado de putrefação, abandonada no campo.
CARONA, s. Peça dos arreios, constituída de uma sola ou couro, de forma retangular, geralmente composta de duas partes iguais cosidas entre si, em um dos lados, a qual é colocada por cima do baixeiro ou xergão, e por baixo do lombilho, e cujas abas são mais compridas que as deste. || Carne magra e dura. || Condução obtida gratuitamente.
CARPETA, s. Jogo, jogatina; casa onde se joga; a mesa do jogo; pano que cobre a mesa do jogo.
CARQUEJA, s. Planta medicinal da família das Compostas.
CARRAPATAR-SE, v. Agarrar-se com toda a força.
CARREIRA s. Corrida de cavalos, em cancha reta.
CARREIRISTA s. Proprietário de parelheiros. Pessoa que se dedica a corridas de cavalos ou que as frequenta e as aprecia.
CARRETA, s. Veículo tosco e pesado, de duas rodas, grande, com uma tolda ou não, puxado por diversas juntas de boi.
CARRETAMA, s. Grande número de carretas. Var.: Carretame.
CARRETAME, s. O mesmo que carretama.
CARRETEIRO s. Pessoa que tem a profissão de viajar de carreta. || Pescoceiro. || Prato campeiro, constituído de arroz com guisado de charque.
CARTEAR, v. Jogar, dar as cartas no jogo.
CASA-GRANDE, s. Moradia de fazendeiro.
CASO, s. História, conto, narração, relato, anedota. Causo.
CASQUEIRA, s. V. a expressão levado da casqueira.
CASTELHANADA, s. Grupo de castelhanos. || Dito, exagero de castelhano.
CASTELHANO s. O natural do Uruguai ou Argentina.
CATINGA, s. Morrinha, mau cheiro.
CATURRITAR, v. Tagarelar, falar em excesso.
CAUSO s. Caso, conto, acontecimento, história, narrativa.
CAVALHADA, s. Porção de cavalos.
CERCADO, s. Lugar cercado para lavoura.
CERDEAR, v. Tosquiar. Cortar as cerdas do animal.
CERNOSO, adj. Que tem bastante cerne.
CERRO s. Elevação, monte, morro.
CHÁ-DE-CASCA-DE-VACA, s. Surra de relho.
CHALEIRA, s. e adj. Diz-se de ou o indivíduo bajulador, engrossador.
CHALRAR, v. Conversar, prosear, parlar, charlar.
CHAPE-CHAPE, s. Terreno áspero e seco; chão duro.
CHARLA, s. Palestra conversa.
CHARQUEADOR, s. Saladeirista, dono de charqueada, fabricante de charque.
CHASQUE, s. Mensageiro, estafeta, próprio, pessoa que se despacha levando uma mensagem. || Carta, aviso, recado, desafio.
CHÊ, interj. Equivalente a tu aí ou tu simplesmente. Usa-se também, como vocativo: "Como vai, tchê?"; para chamar a atenção: "tchê, que mulher bonita!". Pronuncia-se tchê à maneira espanhola. O mesmo que Che, tiê e tchê.
CHICO, adj. Pequeno.
CHILENAS s. Esporas com rosetas muito grandes.
CHIMARRÃO s. e adj. Mate cevado sem açúcar; é preparado em uma cuia ou cabaça e sorvado através de um tubo metálico, com um ralo na extremidade inferior, ao qual se dá o nome de bomba.
CHINA, s. Descendente ou mulher de índio, ou pessoa do sexo feminino que apresenta alguns dos característicos étnicos das mulheres indígenas. || Cabocla mulher morena. || Mulher de vida fácil.
CHINARADA, s. Grande número de chinas, índias ou caboclas. O mesmo que chinaredo, chinerio, chineiro, chinedo.
CHINAREDO, s. O mesmo que chinarada.
CHINCHA, s. O mesmo que cincha.
CHININHA, s. Caboclinha, filha de china, china ainda menina, chinoca, chinoquinha, piguancha.
CHINOCÃO, s. Chinoca bonita, vistosa, fornida.
CHIQUEIRO, s. Pequeno curral ou encerra a que se recolhem terneiros mansos, porco, ovelhas, ou outros animais.
CHIRIPÁ s. Vestimenta rústica, sem costuras, usada antigamente pelos homens do campo. É constituído de um metro e meio de fazenda que, passando por entre as pernas, é preso à cintura em suas extremidades por uma cinta de couro ou pelo tirador.
CHIRU, s. e adj. Índio, caboclo, moreno carregado, que tem traços de indígena. Acaboclado, indiático. Xiru.
CHIRUA, s. e adj. Feminino de chiru. China, índia, cabocla.
CHISPA s. Faísca.
CHOCOLATEIRA s. Vasilha de folha usada para aquecer água e para preparar café. O mesmo que cambona.
CHORADA, s. Algazarra que fazem os cães no momento do levante do veado.
CHORADEIRA, s. Lamurio pedidos insistentes e humildes.
CHUSPA, s. Bolsinha feita de pele do papo da ema, ou de outro material, destinada a guardar dinheiro, fumo, papel de cigarros, miudezas.
CHUVISQUEIRO, s. Chuva miúda, chuvisco.
CINCHA, s. Peça dos arreios que serve para firmar o lombilho ou o serigote sobre o lombo do animal.
CINCO MANDAMENTOS, s. Os cinco dedos da mão. A mão.
CLINA, s. Crina, cerda, cabelo comprido.
CLINUDO, adj. e s. Animal não tosado, de clinas grandes. || Por extensão, aplica-se ao indivíduo cabeludo.
COCURUTO, s. O cimo de uma coxilha. Saliência do terreno. Montículo. || Corcunda. A giba do zebu. Calombo. Inchaço.
COGOTILHO, s. Tosadura que se faz nas crinas do cavalo, acompanhando a volta do pescoço e baixando progressivamente entre as orelhas e para o lado das cruzes, onde, em geral, ficam algumas crinas compridas.
COGOTUDO, s. e adj. Pessoa ou animal que tem o cogote muito grosso. Pescoçudo.
COIMEIRO, s. O depositário da coima, ou seja, da parada, no jogo de osso. || Indivíduo que explora o jogo, em carreiras.
COLA s. Encalço, rastro. || A cauda dos animais.
COLA ATADA, s. A cauda do cavalo atada de modo a formar um tope.
COLHERA s. Peça de couro ou de metal utilizada para prender dois animais, um ao outro, pelo pescoço. O conjunto de animais atrelados pela colhera. || Figuradamente, dois indivíduos que andam sempre juntos.
COLHUDO, adj. e s. Cavalo inteiro, não castrado.
COLMILHUDO, s. Diz-se do animal cavalar de grandes colmilhos, portanto já velho.
COLORADO. S. e adj. Cavalo ou muar de pêlo vermelho. || Encarnado, vermelho vivo. "Baeta colorada"~, significa baeta encarnada, bem vermelha. || É também qualificativo de um partido político do Uruguai, bem como membro deste partido.
COLOREADO, s. O vermelho, a cor vermelha.
COMO, adv. Tanto quanto, coisa de \: "eu vinha como a uma légua quando começou o tiroteio".
COMO QUERA, loc. conj. Como quer que seja, de qualquer modo, seja como for, apesar disso, ainda assim, é bem provável.
COMPANHA, s. Companhia.
COMPROMISSO, adj. Importante. "Negócio de compromisso", isto é, negócio importante. "Carreira de compromisso", isto é, carreira de grande importância, pelo vulto da parada ou por qualquer outro motivo.
CONCHAVO, s. Ajuste de emprego. Emprego doméstico. || Significa também combinação entre duas ou mais pessoas.
CONCHO adj. Confiante. Empregado na expressão mui concho com o sentido de despreocupado, muito confiante.
CONFIANÇA, s. Empregado, animal, ou pessoa amiga, de confiança, com quem se pode contar em qualquer situação.
CONTINENTISTA, s. e adj. Habitante do Rio Grande do Sul, especialmente o revolucionário de 1835.
CONTRAPONTEAR, v. Contrariar, contradizer, retrucar, atrapalhar, aborrecer.
CORAÇONADA, s. Aquilo que o coração diz ou dita. Pressentimento, palpite.
CORCOVO, s. Pinote, pulo, movimento que faz o cavalo para lançar do lombo o cavaleiro.
CORDEONA, s. Gaita de foles, sanfona, acordeona. Var.: Cordiona.
CORINCHO, s. Topete, bazófia, pimponice, proa, prosa, fanfarronada, arrogância, petulância.
CORONILHA, s. Árvore (Scutia buxifolia, Reiss) cuja madeira é muito resistente. || Em sentido figurado, indivíduo forte, guapo, disposto, resistente, valente. || Avarento.
CORRIDO adj. Diz-se do galo de rinha que, por ter sido vencido, foge dos outros, ressabiado de brigar.
CORTAR, v. Separar, apartar.
COSQUILHOSO, adj. Coceguento. Muito sensível às cócegas. O mesmo que cosquento, cosquilhento e cosquilhudo. || em sentido figurado diz-se de quem é suscetível, de quem se melindra facilmente.
COSTILHAR, s. Parte da carne da rês que cobre as costelas.
COTÓ, s. Indivíduo que tem um braço mutilado. || Faca pequena e ordinária. || Coto, coisa pequena.
COUREAR, v. Tirar o couro do animal, morto no campo, de peste, magreza ou desastre.
COVA DE TOURO, s. Escavação que o touro faz com os chifres e as patas, como provocação, quando se prepara para a luta.
COXILHAS, s. Grandes extensões onduladas de campinas cobertas de pastagens, que constituem a maior parte do território rio-grandense e onde se desenvolve a atividade pastoril dos gaúchos.
COXILHÃO, s. Coxilha grande, muito extensa, espécie de chapadão.
CRIA s. Filho, de animal ou de pessoa.
CRIATURA, s. Criança, feto; pessoa do sexo feminino.
CRIOULO s. e adj. O natural de determinado lugar, região, estado, país.
CRIVADO, s. Árvore de casca grossa como uma espécie de cortiça, incombustível, que vegeta nos campos.
CRUZA s. Cruzamento de raças; produtos de cruzamento.
CRUZADA, s. Encruzilhada, cruzamento, encruzada, ato de cruzar. || Passagem, travessia.
CRUZADO, adj. Diz-se do cavalo calçado em diagonal. || s. Antiga moeda de valor equivalente a CR$ 0,40.
CRUZEIRA, s. Variedade de cobra jararaca muito venenosa, também chamada urutu.
CUÊ-PUCHA, interj. Exprime admiração, espanto: "Cuê-pucha! Que morena!
CUERA, s. Cicatrizes do lombo cavalar ou do muar, provenientes de feridas ou mataduras ocasionadas pelo uso de arreios defeituosos. Essas cicatrizes, ao contato do serigote ou lombilho, podem transformar-se novamente em feridas. Unheira. Tubuna. || Homem ruim, maleva. || Gaúcho forte, destemido. (Cf. qüera).
CUERUDO, s. e adj. Diz-se do animal que sofre de coisas.
CULATRA, s. A retaguarda de uma tropa de gado. || Parte traseira da carreta.
CULATREAR, v. Seguir na culatra da tropa, conduzindo-a. Sair no encalço ou na perseguição de alguém.
CULO, s. O contrário de sorte no jogo de osso ou tava. Posição em que, caindo o osso, o jogador perde a partida. Má sorte. Estar de culo: estar de caipora.
CUNA!, interj. O mesmo que cuê-pucha!
CUNHÃ, s. Jovem índia. É palavra guarani.
CUPIM, s. O cogote grosso e saliente dos touros das raças zebu e calombo. || Montículo de barro muito duro feito pelos cupins. Cupinzeiro.
CUPINUDO, adj. Diz-se do bovino que tem grande cupim ou giba.
CUSCO, s. Cão pequeno, cão fraldeiro, cão de raça ordinária. O mesmo que guaipéca, guaipeva, guaipé.
CUTUBA, s. e adj. Diz-se de ou o indivíduo forte, valente, respeitado, temível, disposto, destemido, de muito merecimento e valor. Bonito. Taura, torena, toruna.
CABOCLO s. Descendente de índio. || É também, o nome de uma vespa.
CABORTEIRO s. adj. Cavalo ou outro animal manhoso, arisco, infiel, velhaqueador, que não se deixa pegar. || Indivíduo velhaco, esperto, manhoso, mau, mentiroso, trapaceiro, tratante, que vive de experiente.
CABOS-NEGROS, adj. Diz-se do cavalo de qualquer pêlo que tem negras as quatro patas.
CABRESTEAR, v. Andar o animal cavalar ou muar conduzido pelo cabresto, sem resistir.
CABRESTILHO, s. Cabresto pequeno. || Correias de couro ou de metal que seguram as esporas aos pés.
CABRESTO. S. Peça de couro que é apresilhada ao buçal ou bracelete para segurar o cavalo ou o muar.
CACHIMBO, s. Pedaço de pau com um fiel em uma das pontas, no qual se enfia o beiço do animal que se pretende sujeitar, e se vai torcendo até que o animal se entregue.
CACHO, s. A cola, o rabo do cavalo.
CACIMBA, s. Fonte de água potável. Vertente.
CACIFE, s. Bandejinha ou pequeno cofre em que se recolhe o barato no jogo de cartas ou no de víspora. || Por extensão, o barato.
CAIPORA s. Caapora, curupira. || Indivíduo azarado. || Azar, má sorte, caiporismo.
CAJETILHA, s. Sujeito presumido, pelintra, janota, almofadinha.
CALAVEIRA, s. e adj. Indivíduo velhaco, caloteiro, caborteiro, vagabundo, tonto, tratante.
CALIFÓRNIA, s. Carreira de que participam mais de dois parelheiros. Penca.
CALOMBO, s. Raça de gado bovino, outrora abundante no Rio Grande do Sul.
CAMBÃO, s. Pedaço de pau furado nas duas extremidades, utilizado para unir duas ou mais juntas de bois, umas às outras, de modo que possam puxar ao mesmo tempo.
CAMBARÁ, s. Árvore da família das Compostas, que tem propriedades medicinais.
CAMBULHA, s. Molho de chaves. Porção de coisas.
CAMELADA, s. Grupo de camelos; os camelos.
CAMELO, s. Nome que os republicanos, na Revolução Rio-Grandense de 1835, davam aos legalistas.
CAMORRA, s. Rixa, contenda, provocação, indireta, desafio.
CAMOTE, s. Namoro, paixão, predileção de uma pessoa por outra, o namorado.
CAMPEAR, v. Procurar pelo campo. Buscar. Esquadrinhar. || Usa-se também em sentido figurado.
CAMPEIREAR, v. Trabalhar com o gado, no campo.
CAMPEIRO s. e adj. Pessoa que executa com habilidade os serviços de campo, que monta bem, que vive e trabalha no campo, que entende de tudo o que se relaciona com a criação de gado.
CAMPO, s. Nome dado às extensas pastagens, apropriadas à criação de gado, existentes no Rio Grande do Sul.
CAMPO DE LEI, s. Campo de ótima qualidade.
CANA DE RÉDEA, s. Tira de guasca de cada uma das rédeas.
CANCHA, s. Lugar plano, com várias quadras de comprimento por algumas braças de largura, com duas trilhas, preparado especialmente para corridas de cavalos.
CANCHEIRO, adj. Diz-se do cavalo já habituado a correr nas canchas, treinado, adestrado para correr nas canchas. || Por extensão, aplica-se ao indivíduo que tem prática de determinado trabalho; que executa, com desembaraço e habilidade, determinadas tarefas.
CANDONGUEIRO, adj. Aplica-se ao animal manhoso que foge com a cabeça quando se quer por-lhe o freio, o buçal ou tousá-lo. Diz-se do indivíduo mesquinho, manhoso, arteiro, esquivo, inquieto, que questiona por coisas sem importância.
CANGA, s. Peça de madeira em que se colocam os bois para puxar a carreta.
CANGALHA, s. Peça de três paus, unidos em triângulo, que se coloca no pescoço dos porcos e de outros animais, para que não possam atravessar as cercas que protegem as áreas cultivadas.
CANHA, s. Cachaça, aguardente, canguara, cana.
CANHADA, s. Vale baixada entre coxilhas ou serras.
CANHONAÇO, s. Fato ou notícia de grande repercussão.
CANHOTO s. Peça de madeira ou de ferro que, nos engenhos de serrar madeira, adaptada ao mancal de uma polia, transmite o movimento desta.
CANJICA, s. Espécie de sopa de milho descascado e quebrado.
CANZIL, s. Cada um dos dois paus existentes em cada ponta da canga, entre os quais é colocado o pescoço do boi.
CAPA, s. Capadura, capação, castração.
CAPADO, s. Porco castrado. Carneiro ou bode castrado.
CAPÃO, s. e adj. Diz-se do animal capado. || Indivíduo fraco, covarde, vil, pusilânime.
CAPATAZ, s. Administrador de uma estância ou de uma charqueada ou ainda o responsável pela condução de uma tropa.
CAPIM, s. Nome comum às diversas espécies de gramas e ervas rasteiras.
CAPINCHO, s. O macho da capivara. Filhote de capivara.
CARACA, s. Rugas que aparecem na base dos chifres dos vacuns que vão envelhecendo.
CARAGUATÁ, s. Gravatá. Planta filamentosa muito comum em todo o Rio Grande do Sul.
CARAMINGUÁS, s. Arreios velhos, muito ordinários, quase sem préstimo. || Cacarecos, badulaques, coisas de pouco valor. || dinheiro miúdo e escasso.
CARAMURU s. e adj. Denominação que os republicanos de 1835 davam aos legalistas. O mesmo que camelo e galego.
CARA-VOLTA, s. Volta instantânea para trás, meia volta. Menção de voltar, de tornar para trás.
CARCHEADA, s. Pilhagem, carcheio.
CARCHEAR, v. Roubar, furtar, despojar, apoderar-se indevidamente de animais e coisas alheias, por ocasião das revoluções, pretextando necessidades militares.
CARCHEIO, s. Ato de carchear.
CARGUEIREAR, v. Trabalhar com animais cargueiros. Transportar carga em animais cargueiros.
CARGUEIRO s. Animal utilizado para conduzir cargas, em geral muar.
CARNEAR, v. Matar, esfolar e esquartejar a rês destinada a consumo imediato ou ao preparo do charque.
CARNIÇA, s. Rês morta, em estado de putrefação, abandonada no campo.
CARONA, s. Peça dos arreios, constituída de uma sola ou couro, de forma retangular, geralmente composta de duas partes iguais cosidas entre si, em um dos lados, a qual é colocada por cima do baixeiro ou xergão, e por baixo do lombilho, e cujas abas são mais compridas que as deste. || Carne magra e dura. || Condução obtida gratuitamente.
CARPETA, s. Jogo, jogatina; casa onde se joga; a mesa do jogo; pano que cobre a mesa do jogo.
CARQUEJA, s. Planta medicinal da família das Compostas.
CARRAPATAR-SE, v. Agarrar-se com toda a força.
CARREIRA s. Corrida de cavalos, em cancha reta.
CARREIRISTA s. Proprietário de parelheiros. Pessoa que se dedica a corridas de cavalos ou que as frequenta e as aprecia.
CARRETA, s. Veículo tosco e pesado, de duas rodas, grande, com uma tolda ou não, puxado por diversas juntas de boi.
CARRETAMA, s. Grande número de carretas. Var.: Carretame.
CARRETAME, s. O mesmo que carretama.
CARRETEIRO s. Pessoa que tem a profissão de viajar de carreta. || Pescoceiro. || Prato campeiro, constituído de arroz com guisado de charque.
CARTEAR, v. Jogar, dar as cartas no jogo.
CASA-GRANDE, s. Moradia de fazendeiro.
CASO, s. História, conto, narração, relato, anedota. Causo.
CASQUEIRA, s. V. a expressão levado da casqueira.
CASTELHANADA, s. Grupo de castelhanos. || Dito, exagero de castelhano.
CASTELHANO s. O natural do Uruguai ou Argentina.
CATINGA, s. Morrinha, mau cheiro.
CATURRITAR, v. Tagarelar, falar em excesso.
CAUSO s. Caso, conto, acontecimento, história, narrativa.
CAVALHADA, s. Porção de cavalos.
CERCADO, s. Lugar cercado para lavoura.
CERDEAR, v. Tosquiar. Cortar as cerdas do animal.
CERNOSO, adj. Que tem bastante cerne.
CERRO s. Elevação, monte, morro.
CHÁ-DE-CASCA-DE-VACA, s. Surra de relho.
CHALEIRA, s. e adj. Diz-se de ou o indivíduo bajulador, engrossador.
CHALRAR, v. Conversar, prosear, parlar, charlar.
CHAPE-CHAPE, s. Terreno áspero e seco; chão duro.
CHARLA, s. Palestra conversa.
CHARQUEADOR, s. Saladeirista, dono de charqueada, fabricante de charque.
CHASQUE, s. Mensageiro, estafeta, próprio, pessoa que se despacha levando uma mensagem. || Carta, aviso, recado, desafio.
CHÊ, interj. Equivalente a tu aí ou tu simplesmente. Usa-se também, como vocativo: "Como vai, tchê?"; para chamar a atenção: "tchê, que mulher bonita!". Pronuncia-se tchê à maneira espanhola. O mesmo que Che, tiê e tchê.
CHICO, adj. Pequeno.
CHILENAS s. Esporas com rosetas muito grandes.
CHIMARRÃO s. e adj. Mate cevado sem açúcar; é preparado em uma cuia ou cabaça e sorvado através de um tubo metálico, com um ralo na extremidade inferior, ao qual se dá o nome de bomba.
CHINA, s. Descendente ou mulher de índio, ou pessoa do sexo feminino que apresenta alguns dos característicos étnicos das mulheres indígenas. || Cabocla mulher morena. || Mulher de vida fácil.
CHINARADA, s. Grande número de chinas, índias ou caboclas. O mesmo que chinaredo, chinerio, chineiro, chinedo.
CHINAREDO, s. O mesmo que chinarada.
CHINCHA, s. O mesmo que cincha.
CHININHA, s. Caboclinha, filha de china, china ainda menina, chinoca, chinoquinha, piguancha.
CHINOCÃO, s. Chinoca bonita, vistosa, fornida.
CHIQUEIRO, s. Pequeno curral ou encerra a que se recolhem terneiros mansos, porco, ovelhas, ou outros animais.
CHIRIPÁ s. Vestimenta rústica, sem costuras, usada antigamente pelos homens do campo. É constituído de um metro e meio de fazenda que, passando por entre as pernas, é preso à cintura em suas extremidades por uma cinta de couro ou pelo tirador.
CHIRU, s. e adj. Índio, caboclo, moreno carregado, que tem traços de indígena. Acaboclado, indiático. Xiru.
CHIRUA, s. e adj. Feminino de chiru. China, índia, cabocla.
CHISPA s. Faísca.
CHOCOLATEIRA s. Vasilha de folha usada para aquecer água e para preparar café. O mesmo que cambona.
CHORADA, s. Algazarra que fazem os cães no momento do levante do veado.
CHORADEIRA, s. Lamurio pedidos insistentes e humildes.
CHUSPA, s. Bolsinha feita de pele do papo da ema, ou de outro material, destinada a guardar dinheiro, fumo, papel de cigarros, miudezas.
CHUVISQUEIRO, s. Chuva miúda, chuvisco.
CINCHA, s. Peça dos arreios que serve para firmar o lombilho ou o serigote sobre o lombo do animal.
CINCO MANDAMENTOS, s. Os cinco dedos da mão. A mão.
CLINA, s. Crina, cerda, cabelo comprido.
CLINUDO, adj. e s. Animal não tosado, de clinas grandes. || Por extensão, aplica-se ao indivíduo cabeludo.
COCURUTO, s. O cimo de uma coxilha. Saliência do terreno. Montículo. || Corcunda. A giba do zebu. Calombo. Inchaço.
COGOTILHO, s. Tosadura que se faz nas crinas do cavalo, acompanhando a volta do pescoço e baixando progressivamente entre as orelhas e para o lado das cruzes, onde, em geral, ficam algumas crinas compridas.
COGOTUDO, s. e adj. Pessoa ou animal que tem o cogote muito grosso. Pescoçudo.
COIMEIRO, s. O depositário da coima, ou seja, da parada, no jogo de osso. || Indivíduo que explora o jogo, em carreiras.
COLA s. Encalço, rastro. || A cauda dos animais.
COLA ATADA, s. A cauda do cavalo atada de modo a formar um tope.
COLHERA s. Peça de couro ou de metal utilizada para prender dois animais, um ao outro, pelo pescoço. O conjunto de animais atrelados pela colhera. || Figuradamente, dois indivíduos que andam sempre juntos.
COLHUDO, adj. e s. Cavalo inteiro, não castrado.
COLMILHUDO, s. Diz-se do animal cavalar de grandes colmilhos, portanto já velho.
COLORADO. S. e adj. Cavalo ou muar de pêlo vermelho. || Encarnado, vermelho vivo. "Baeta colorada"~, significa baeta encarnada, bem vermelha. || É também qualificativo de um partido político do Uruguai, bem como membro deste partido.
COLOREADO, s. O vermelho, a cor vermelha.
COMO, adv. Tanto quanto, coisa de \: "eu vinha como a uma légua quando começou o tiroteio".
COMO QUERA, loc. conj. Como quer que seja, de qualquer modo, seja como for, apesar disso, ainda assim, é bem provável.
COMPANHA, s. Companhia.
COMPROMISSO, adj. Importante. "Negócio de compromisso", isto é, negócio importante. "Carreira de compromisso", isto é, carreira de grande importância, pelo vulto da parada ou por qualquer outro motivo.
CONCHAVO, s. Ajuste de emprego. Emprego doméstico. || Significa também combinação entre duas ou mais pessoas.
CONCHO adj. Confiante. Empregado na expressão mui concho com o sentido de despreocupado, muito confiante.
CONFIANÇA, s. Empregado, animal, ou pessoa amiga, de confiança, com quem se pode contar em qualquer situação.
CONTINENTISTA, s. e adj. Habitante do Rio Grande do Sul, especialmente o revolucionário de 1835.
CONTRAPONTEAR, v. Contrariar, contradizer, retrucar, atrapalhar, aborrecer.
CORAÇONADA, s. Aquilo que o coração diz ou dita. Pressentimento, palpite.
CORCOVO, s. Pinote, pulo, movimento que faz o cavalo para lançar do lombo o cavaleiro.
CORDEONA, s. Gaita de foles, sanfona, acordeona. Var.: Cordiona.
CORINCHO, s. Topete, bazófia, pimponice, proa, prosa, fanfarronada, arrogância, petulância.
CORONILHA, s. Árvore (Scutia buxifolia, Reiss) cuja madeira é muito resistente. || Em sentido figurado, indivíduo forte, guapo, disposto, resistente, valente. || Avarento.
CORRIDO adj. Diz-se do galo de rinha que, por ter sido vencido, foge dos outros, ressabiado de brigar.
CORTAR, v. Separar, apartar.
COSQUILHOSO, adj. Coceguento. Muito sensível às cócegas. O mesmo que cosquento, cosquilhento e cosquilhudo. || em sentido figurado diz-se de quem é suscetível, de quem se melindra facilmente.
COSTILHAR, s. Parte da carne da rês que cobre as costelas.
COTÓ, s. Indivíduo que tem um braço mutilado. || Faca pequena e ordinária. || Coto, coisa pequena.
COUREAR, v. Tirar o couro do animal, morto no campo, de peste, magreza ou desastre.
COVA DE TOURO, s. Escavação que o touro faz com os chifres e as patas, como provocação, quando se prepara para a luta.
COXILHAS, s. Grandes extensões onduladas de campinas cobertas de pastagens, que constituem a maior parte do território rio-grandense e onde se desenvolve a atividade pastoril dos gaúchos.
COXILHÃO, s. Coxilha grande, muito extensa, espécie de chapadão.
CRIA s. Filho, de animal ou de pessoa.
CRIATURA, s. Criança, feto; pessoa do sexo feminino.
CRIOULO s. e adj. O natural de determinado lugar, região, estado, país.
CRIVADO, s. Árvore de casca grossa como uma espécie de cortiça, incombustível, que vegeta nos campos.
CRUZA s. Cruzamento de raças; produtos de cruzamento.
CRUZADA, s. Encruzilhada, cruzamento, encruzada, ato de cruzar. || Passagem, travessia.
CRUZADO, adj. Diz-se do cavalo calçado em diagonal. || s. Antiga moeda de valor equivalente a CR$ 0,40.
CRUZEIRA, s. Variedade de cobra jararaca muito venenosa, também chamada urutu.
CUÊ-PUCHA, interj. Exprime admiração, espanto: "Cuê-pucha! Que morena!
CUERA, s. Cicatrizes do lombo cavalar ou do muar, provenientes de feridas ou mataduras ocasionadas pelo uso de arreios defeituosos. Essas cicatrizes, ao contato do serigote ou lombilho, podem transformar-se novamente em feridas. Unheira. Tubuna. || Homem ruim, maleva. || Gaúcho forte, destemido. (Cf. qüera).
CUERUDO, s. e adj. Diz-se do animal que sofre de coisas.
CULATRA, s. A retaguarda de uma tropa de gado. || Parte traseira da carreta.
CULATREAR, v. Seguir na culatra da tropa, conduzindo-a. Sair no encalço ou na perseguição de alguém.
CULO, s. O contrário de sorte no jogo de osso ou tava. Posição em que, caindo o osso, o jogador perde a partida. Má sorte. Estar de culo: estar de caipora.
CUNA!, interj. O mesmo que cuê-pucha!
CUNHÃ, s. Jovem índia. É palavra guarani.
CUPIM, s. O cogote grosso e saliente dos touros das raças zebu e calombo. || Montículo de barro muito duro feito pelos cupins. Cupinzeiro.
CUPINUDO, adj. Diz-se do bovino que tem grande cupim ou giba.
CUSCO, s. Cão pequeno, cão fraldeiro, cão de raça ordinária. O mesmo que guaipéca, guaipeva, guaipé.
CUTUBA, s. e adj. Diz-se de ou o indivíduo forte, valente, respeitado, temível, disposto, destemido, de muito merecimento e valor. Bonito. Taura, torena, toruna.
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