Origem da Fazenda do Socorro

domingo, maio 15, 2011

A Fazenda do Socorro, no município de Vacaria (RS), tem sua viagem no Século XVIII, ao tempo em que os paulistas vinham aos campos da “Vacaria dos Pinhais”, buscar gado e comprar muares para o serviço das Minas Gerais.



As terras da Fazenda foram doadas em “sesmaria”, no ano de 1770, por ato do Governador Geral do Brasil, General Gomes Freitas de Andrade - conde de Bobadella - a José de Campos Brandenburgo, chamado de “Pai Adão”, paulista, que no “vai e vem” pela região, comprando gado, charque, mulas e outros artigos a serem comercializados em São Paulo e Minas Gerais, interessou-se pela sesmaria, foi um dos 3 primeiros povoadores dos Campos de Vacaria.


Tomou então o nome de “Sesmaria de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro” – padroeira da bonita capela da atual Fazenda do Socorro.

Foto: Divulgação

José de Campos Brandenburgo teve de seu casamento com D. Ana Maria de Braga Mello (alguns dizem que de uma união irregular com uma índia) uma única filha, Clara Jorge, que veio a desposar Manoel Rodrigues de Jesus, que já possuía algumas propriedades e, tiveram alguns filhos. Clara Jorge veio a falecer em 1815. O viúvo resolveu então dividir suas imensas propriedades entre seus filhos.


A fração correspondente a atual fazenda do Socorro era, em 1872 propriedade de José Joaquim Ferreira, que a houvera por seu casamento com uma neta de Manoel Rodrigues de Jesus e não tiveram filhos. Esta senhora sofria de alienação mental, não participando da vida e do trabalho de seu esposo, homem grandemente respeitado por seus vizinhos e pelos demais fazendeiros da região.


Naquele tempo era comum casarem descendentes da mesma família visando à manutenção do patrimônio entre familiares.



Dramáticos e sangrentos acontecimentos, se passaram, aos quais se acrescentará outro presumido assassinato, o da esposa do fazendeiro Luiz Brito, proprietário da Fazenda do Socorro em 1903, que o rumor público dizia ter morrido envenenada logo após dar a luz a sua filha Otília.


Em 1903, a Fazenda, então em poder de Honório de Brito que administrava em nome de seus netos Luiz e Ieda, últimos descendentes de José Joaquim Ferreira, foi comprada por Marcos Flores de Noronha.


Por essa altura, a Fazenda, aureolada de uma sombria fama pelos tristes insucessos a que dera origem, passava injustamente por arrastar um amargo destino.


O contrário bem se viu a seguir, Marcos Flores de Noronha, homem de campo de larga experiência, logo se dedicou com êxito a valorizá-la, criava gado e extraia madeiras.


Ao falecer em 1929, seus dois filhos, Lourdes e Abelardo herdam a propriedade, que seu genro e filha passaram a administrar com tino e entusiasmo.


Com trabalho árduo e persistente transformaram em pouco tempo a Fazenda do Socorro em uma propriedade rural modelar.


Abelardo vendeu sua herança. Foi muito importante presidente do Sport Clube Internacional de Porto Alegre.


D. Lourdes Noronha, casou-se com Arthur Coelho Borges, médico domiciliado em Porto Alegre, dedicou-se com amor a restaurar e embelezar o velho casco da estância, hoje residência de extremo conforto e bom gosto, construindo ao seu lado a linda capela da padroeira, Nossa Senhora do Socorro, e cercando o conjunto com formosos jardins.



A casa foi ampliada no estilo português com detalhes em cerâmica importada quando foi então construída a capela que possui altar da Igreja do Rosário de Porto Alegre adquirido por ocasião de sua demolição em 1952.


A Fazenda do Socorro tornou-se o primeiro estabelecimento Rural do Rio Grande do Sul a possuir instalações completas de fabricação de laticínios e de conserva de carne (charque) em condições modernas e higiênicas.


A construção da usina geradora de energia elétrica em 1948, contribuiu para o desenvolvimento da fazenda. Sob sua gestão, colocou-se também à vanguarda de todos os estabelecimentos rurais do Estado no tocante à implantação de pastagens artificiais, de métodos avançados de zootecnia e de agricultura, e também à fruticultura, atividade pioneira que abriu na região de Vacaria novos horizontes de oferta de empregos, de produção e de exportação de produtos valorizados no mercado nacional e internacional.


Dona Lourdes foi uma pessoa muito dedicada, escritora, sociável e adorava artes, freqüentava exposições e museus valorizando a cultura. Era, também, muito exigente e valorizava o ser humano. Viajou e conheceu muitos países, principalmente a Europa. Sua primeira viagem foi em 1950, com seu marido Arthur, buscando recursos novos para a medicina, pois não podia ter filhos.


Publicou em 1989, do seu primeiro livro “Antigas Fazendas do Rio Grande do Sul”.


Destas viagens escreveu o livro “Europa nos Anos Dourados” (Diário de uma viagem ao velho mundo nos anos 50) publicado em 1990.



Ela recebeu visitantes ilustres, na Fazenda, como: a condessa de Paris; um namorado da princesa Ana da Inglaterra, Peter Towsed (playboy inglês); o arquiteto italiano Emilio Sessa; a princesa Isabel de Orleans e Bragança, bisneta de D.Pedro II e neta de Isabel “A Redentora”; entre outros.


Arthur Coelho Borges, morreu por problemas cardíacos, sendo que muitos dizem que a doença se agravou devido à construção da ferrovia cortando a Fazenda sem receber nenhuma indenização, por volta de 1963.


Da. Lourdes casou-se novamente com o fazendeiro Hermes Pinto que muito trabalhou e lhe ajudou. União curta que, como no primeiro casamento, não deixou herdeiros.


Outra propriedade fazia parte do patrimônio de D. Lourdes, a Estância de “Santa Sofia”, fazenda localizada no Uruguai.


Ao falecer, em 1994, como não tivera filhos, deixou como herdeiros seis sobrinhos, o motorista particular, a governanta e o administrador da Fazenda. Consta que todos os herdeiros venderam a fazenda Santa Sofia do Uruguai, ficando apenas com a Fazenda do Socorro.

APROCHEGUE E CONFIRA

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